Sinopse: Os
exércitos da noite estão se reunindo. O Universo começa sua dança final, e
Morfeus percorre solitário a trilha da loucura. O tempo urge e é necessária uma
visita à Cidade das Estrelas, mas seus habitantes não tornam a coisa mais fácil
para o Príncipe do Sonhar. Histórias do passado que atormentam o Perpétuo são
reveladas, e encontros e reencontros dão a tônica da edição.
Antes
de continuar, recomendo fortemente que leia a resenha de Sandman: Prelúdio #1,
pois aqui tratarei de acontecimentos do segundo volume, que correspondem às
edições três e quatro norte-americanas. Tão logo o primeiro volume havia sido
lançado, a Panini se adiantou para lançar o segundo e, ouso dizer, aqui estão
as duas histórias mais reveladoras da série Sandman:
Prelúdio. Recheado de informações, este é mais um volume clássico para a
trama do Lorde Moldador.
Para
começar, é necessário dizer que neste volume percebemos a estrutura linear da trama
de Sandman: Prelúdio: aqui, somos
apresentados ao cerne do problema e todas as coisas saem de controle, preparando
o terreno para o desfecho, enquanto no primeiro volume tivemos a apresentação
da história e das personagens. Ainda que tudo nos seja apresentado em uma embalagem
belíssima e complexa, a estrutura de três atos está ali, com começo, meio e fim
muito bem estabelecidos. Ser tão complexa e, ao mesmo tempo, trazer essa
estrutura básica torna a história ainda mais enriquecedora, em minha opinião.
Mas isso é mero detalhe técnico. Vamos ao que realmente interessa.
Em
Sandman: Prelúdio #2, Morpheus começa
sua viagem para encontrar seu pai – um momento fatídico no qual o Tempo se
apresenta a nós de uma forma interessantíssima e diferente de tudo que já vi em
histórias que tratem de divindades. Aqui também se fala da mãe dos Perpétuos, a
quem conheceremos apenas no último volume. Nesta edição também somos apresentados
ao mal que aflige o universo: uma estrela insana está enlouquecendo outras
estrelas e criando caos e guerra pelo universo. Como se trata de um de seus
erros passados, cabe ao Senhor dos Sonhos resolver o problema com ajuda de sua
versão felina e uma menina de pele azul, Esperança.
Como
já havia adentrado o Sonhar na edição passada, aquele sentimento inicial de
estranheza já há muito havia me deixado. Senti essa história inicialmente mais
palatável, principalmente com referências ao Quarto Mundo de Jack Kirby e ao
Universo DC – no qual Sandman sempre esteve inserido, ainda que raramente se
misturasse com outras personagens. Essa edição também traz segredos do passado
de Sonho e detalhes da vida dos Perpétuos, o que só engrandece mais ainda toda
a saga épica de Morpheus. Afinal, o fato de os Perpétuos serem uma família como
qualquer outra, apesar de tão poderosos, sempre foi um diferencial em Sandman.
Como
não poderia deixar de ser, a estrutura da história requer mais de uma lida para
ser totalmente entendida e absorvida – eu mesmo já li cada edição duas vezes.
Quando Sonho conversa com seu pai, por exemplo, é necessária muita atenção para
notar como passado, presente e futuro se mesclam em um lugar que pertence ao
próprio Tempo, e a história mais uma vez conecta momentos passados em tempos
diferentes, apenas para nos fazer reler o volume anterior e pescar todas as
sacadas de Gaiman. Não é nada que não possa ser entendido, mas não espere
entender tudo de cara. Não é assim que o autor trabalha.
Quanto
aos desenhos de J. H. Williams III, este volume está ainda mais lindo e louco que o anterior. Sim, louco, uma vez que se trata de insanidade. As estrelas,
por exemplo, possuem um visual destoante de todo o resto, figuras coloridas que
mais parecem uma pintura, enquanto o resto das personagens ao seu redor
permanece o mesmo. Até mesmo a Cidade das Estrelas é mais rebuscada. Os
momentos em que Sandman conversa com Tempo também diferem em desenhos e cores,
criando impressões visuais únicas para cada personagem, mundo e dimensão que
Sonho visita. Isso, meus amigos, é pura arte!
A
edição da Panini, como sempre, é caprichadíssima, mas deixo aqui uma
reclamação: em inglês, os nomes de todos os Perpétuos começam com a inicial D
(Destiny, Death, Dream, Desire, Despair, Delirium/Delight e Destruction),
porém, dois desses nomes perdem a letra inicial quando traduzidos para nossa
língua: Morte e Sonho. Nesta edição, por duas vezes Sonho é chamado de Devaneio
(por puro capricho editorial, segundo ouvi falar), o que é estranho, visto que
ele nunca fora chamado assim na edição original, apesar de ter muitos nomes. Os
Perpétuos sempre se chamam por seus
nomes originais, então a Panini poderia ter passado por cima dessa questão e
ter mantido apenas Sonho. Enfim, nada que comprometa esta grandiosa edição,
mais uma para
fazer história na Vertigo Comics e nos quadrinhos em si. Apenas leia e se encante.
Editora: Panini
Ano de Lançamento: 2015
Páginas: 60
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