Sinopse: Morpheus,
o Rei dos Sonhos, tem a sensação de que algo está muito errado. Em meio às suas
responsabilidades com o mundo do Sonhar e seus súditos, ele recebe um
misterioso chamado. Mesmo sem saber do que se trata, mas atraído e impelido a
responder a convocação, se mune de seu elmo, rubi e algibeira de areia para
partir rumo a uma desconhecida jornada.
Para
todos os fãs de quadrinhos, Sandman é uma daquelas leituras obrigatórias. No clássico
de Neil Gaiman somos apresentados a uma arrogante entidade chamada Sonho
(dentre muitos outros nomes), membro de uma família disfuncional conhecida como
Os Perpétuos. Quando a história começa a ser narrada, Lorde Moldador está preso
e o mundo sofre com uma doença dos sonhos, até que, enfim, ele se liberta.
Agora, Gaiman se uniu a J. H. Williams III, para minha alegria, para contar a
história antes da história. Então, abrem-se as cortinas para Sandman Prelúdio.
Quando
Sandman: Prelúdio #1 começa, há um forte sentimento de estranheza. Não é como
revisitar um velho amigo, mas sim conhecer alguém inteiramente... novo. Isso
até vermos um dos aspectos de Sonho, inicialmente retratado como uma flor. Só
então nos são reapresentadas personagens com as quais estamos familiarizados,
e, ao menos para os leitores da obra original, essa sensação de que Sandman não
é Sandman se esvai completamente. Gaiman sabe como contar uma história, isso é
mais do que óbvio, e a teia de aranha com a qual tece e amarra seus contos está
mais uma vez presente aqui, de uma forma belíssima, para nos contar a última e,
ao mesmo tempo, primeira história de Morpheus.
Devo
dizer que, sim, se você nunca leu Sandman, mas pretende começar, pode iniciar a
leitura pelos prelúdios e partir para as histórias originais em seguida. Como
se trata de um prequel, essa história
se conecta com a primeira edição de Sandman dos anos 1980. Há de se atentar, no
entanto, que muitas referências serão perdidas, uma vez que a primeira edição
avança pelo tempo, mesclando passado e futuro. Certa personagem, diga-se de
passagem, surge apenas no arco final da saga clássica de Morpheus, mas aqui
surge logo no começo da segunda edição. Uma personagem que gostei de rever,
diga-se de passagem, e que renderia excelentes histórias, em minha humilde
opinião.
Aliás,
personagens boas não faltam nesta história: só nesta edição temos o Coríntio,
Lucien, Marvin, Morte, Destino e, claro, o próprio Sandman, que aqui surge em
mais de uma forma, vários aspectos de si próprio que se reúnem por um objetivo
em comum – a resolução disso é o que movimenta toda a trama, por isso não
entrarei em detalhes. Evidentemente, somos apresentados a novas personagens,
igualmente interessantíssimas. Inclusive, há uma misteriosa mulher de pele
azul, cuja identidade é revelada em um volume posterior, e sobre a qual não
falarei mais nada. O volume acaba com a promessa de conhecermos o Pai dos Perpétuos,
e qualquer fã dessa epopéia literária com certeza ficou empolgado com esta
expectativa.
Os
desenhos de J. H. Williams III são simplesmente soberbos. Adoro o Williams III,
é meu desenhista favorito e não apenas pelos desenhos em si, mas por toda a
experimentação que ele faz com quadros e imagens. Logo no começo, há uma imagem
de página dupla, no qual os quadros são dentes. Posteriormente, os quadros se
tornam páginas de um livro. Tudo é visualmente incrível, é o que Sandman
merece. Destaco ainda uma imagem de página quádrupla na qual testemunhamos o
encontro de uma legião de Sandmen. Fiquei com vontade de comprar um volume
sobressalente apenas para transformar essa imagem em um quadro, tamanha sua
beleza.
Quanto
à edição da Panini, muitos leitores reclamaram na época, porém acho o formato
escolhido apropriado e interessante: no original, Sandman: Prelúdio foi lançado
em seis edições; a Panini as compilou em três volumes com duas edições cada
(mais extras no primeiro volume) em um material de extrema qualidade: capa dura
e papel especial, além das capas originais estamparem capa e sobrecapa, com
adição das capas variantes feitas pelo já muito conhecido Dave McKean, o
capista da série original.
Aos
fãs da série Sandman, o que nos foi entregue é um material de qualidade, tanto
gráfica quanto narrativa. Com desenhos e cores que enchem os olhos e um enredo aparentemente
confuso, mas cheio de pistas sobre o futuro e pronto para se conectar
perfeitamente, – como toda obra de Gaiman – Sandman: Prelúdio #1 é um clássico
instantâneo. Não é um mero caça-níqueis, não tenha medo de se aventurar no
Sonhar mais uma vez. E ainda procure pelas referências ao Universo DC nas
muitas facetas de Morpheus. Gaiman e Williams III capricharam bastante, sério.
Editora: Panini
Ano de Lançamento: 2015
Páginas: 56
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