segunda-feira, 24 de julho de 2017

Akira, vol. 1

de Katushiro Otomo

            Sinopse: Após atropelar uma criança de aparência estranha, Tetsuo Shima (o melhor amigo de Kaneda), começa a sentir algumas reações anormais. Isso acaba chamando a atenção do governo que está projetando diversas experiências secretas e acabam sequestrando Tetsuo. Nesta aventura cheia de ficção, Kaneda entra em cena para salvar o amigo, enquanto uma terrível e monstruosa entidade ameaça despertar.

            Depois de dois anos de anúncio, a JBC finalmente consegue lançar Akira. E que edição, meus amigos! Um verdadeiro acabamento de luxo. Claro que como leitor e colecionador de revistas em quadrinhos, estou acostumado a edições de capa dura e coisas do tipo, mas a edição brasileira de Akira segue os moldes da japonesa e... é um verdadeiro deleite para os leitores.

            Na história, o grupo de delinquentes juvenis liderado por Kaneda está andando de moto por Neo Tokyo quando Tetsuo acaba se envolvendo em um acidente com uma estranha criança de aparência envelhecida. O rapaz é levado e, ao retornar, começa a desenvolver estranhos poderes paranormais. A isso, somam-se um grupo rebelde, o exército e as estranhas previsões de retorno de um ser conhecido apenas como “Akira”, cujo apenas um homem parece realmente conhecer. E é nesta batalha por Neo Tokyo, pela alma de Tetsuo e para impedir uma catástrofe, que nossas personagens irão se envolver neste clássico dos mangás modernos.
            Chamei de clássico e sim, esta é a melhor definição para Akira. O mangá escrito e desenhado por Katushiro Otomo é incrível em todos os sentidos: a história tem um ritmo cinematográfico, com personagens cativantes e bem construídos – ainda que não tenham mostrado totalmente suas motivações, você vai entendendo aos poucos, conforme vai descobrindo mais sobre esse mundo pós-Terceira Grande Guerra Mundial. Aliado ao roteiro está o maravilhoso traço de Katsuhiro-sensei, extremamente detalhista e muito bonito.
            Cada detalhe em Akira é impecável: as ruas sujas de Neo Tokyo (não vamos nos esquecer de que Akira influenciou enormemente todo o gênero cyber-punk), cada peça das motos, a arquitetura local, a anatomia das personagens, que não é nem um pouco caricata, como parece ser comum nos mangás mainstream. Tudo nesta obra é belo, benfeito, estupendo. Li em algum lugar que os assistentes de Katushiro-sensei sofriam para fazer a arte-finalização, e ao ler o mangá você acredita nisso.
            Em relação às personagens, entendo algumas críticas, embora não concorde com elas: é verdade que o desenvolvimento de personagens é pequeno neste primeiro volume, mas ainda teremos mais cinco e muita coisa ainda virá. Podemos perceber que o autor vai trabalhando as motivações das personagens gradualmente ao longo do volume, mas ele nunca para pra explicar: deixa tudo nas entrelinhas, no subtexto, nas ações, decisões e motivações. Isso torna as personagens mais humanas, e ainda lhes dá o necessário para acreditar em pessoas super-poderosas.
            A edição da JBC segue os moldes da edição japonesa, sendo a terceira no mundo a possuir este acabamento (a primeira, claro, é a japonesa; a segunda é a francesa), possui um papel de altíssima qualidade, seis páginas coloridas no começo do volume (o que se repete nos próximos, conforme anúncio da editora), capa e sobrecapa. Aliás, belíssimas capas! A sobrecapa é estupenda, enquanto a arte da capa é sensacional. Minha única reclamação, como a maioria das pessoas também reclama, é com a guarda do mangá, mas foi outra exigência japonesa.

            Se eu gostaria de um volume em capa dura? Claro que sim, mesmo sabendo que isso encareceria o já salgado preço do mangá (Amazon, eu te amo!), mas, por outro lado, é bom termos enfim um mangá totalmente aos moldes japoneses – e já fico na torcida para que isso aconteça mais vezes, mesmo com títulos regulares. Um produto praticamente perfeito, com roteiro incrível, arte belíssima e acabamento para colecionar. Sério, Akira não pode ficar de fora da sua coleção.


Editora: JBC
Ano de Lançamento: 2017
Páginas: 360

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