sábado, 8 de julho de 2017

Mulher-Maravilha: Força

de Brian Azzarello, Cliff Chiang e Tony Akins

            Sinopse: A Mulher-Maravilha acredita ter encontrado sua verdadeira identidade como filha da rainha das Amazonas e do poderoso Zeus, o Rei do Olimpo. No entanto, essa revelação traz novos e virtualmente intransponíveis desafios para a Princesa Amazona, sendo o pior deles sua própria recém-descoberta família! De Hera, a ciumenta mulher de seu pai, a seu ambicioso irmão Apolo, um grande número de olimpianos agora busca a destruição completa da heroína e de seu inocente meio-irmão, o bebê que Zeus recentemente teve com uma humana comum. Será que a Mulher-Maravilha (ao lado de seu bizarro grupo de aliados) se provará digna do poder de sua linhagem? Ou será esse o desafio final de Diana?

            Antes de continuar, leia minhas resenhas anteriores: Mulher-Maravilha: Sangue e Mulher-Maravilha:Direito de Nascença. Força é o terceiro encadernado da fase de Azzarello, Chiang e Akins à frente do título da princesa amazona nos Novos 52, e marca a chagada à metade da fase dessa equipe – sim, teremos, no total, seis volumes, nos quais muita coisa acontecerá. Sempre digo que Mulher-Maravilha teve o melhor título dos Novos 52 em minha opinião, mas, infelizmente, este volume apresenta algumas das histórias mais fracas. Já havia pensado isso quando li da primeira vez e volto a reforçar esse sentimento em uma segunda leitura.
            Não me entenda mal, o volume não é, em si, ruim. Longe disso. O problema dele é ser confuso. Diana continua sua busca pelo recém-nascido Zeke, sequestrado por Hermes no final do volume passado. Agora contando com a ajuda de novos meios-irmãos e do novo deus Órion, a amazona vai passando por desafios enquanto, sem que ninguém saiba, um antigo deus conhecido como Primogênito, libertou-se e está reunindo suas armas e poderes para destruir as demais divindades e tomar o trono do Olimpo para si. E é aqui que começa o problema.
            Os autores escolheram mesclar três frentes de história ao mesmo tempo: Diana tentando recuperar Zeke; o Primogênito; Órion/Hera e Zola (primeiro uma história, depois a outra a substitui). Isso não seria demérito nenhum, mas achei os cortes na narrativa muito bruscos, tornando a leitura um pouco confusa. No começo, as transições eram harmoniosas, mas depois senti que havia muitos cliffhangers em cada capítulo, coisa que deveria ser usada apenas no final. Explico: a Mulher-Maravilha faz uma coisa, algo acontece, você quer ver o que vai acontecer, mas a cena muda. O Primogênito surge, algo acontece, você quer ver o que vai acontecer, mas a cena muda. E isso acontece várias vezes dentro do mesmo capítulo em mais de um capítulo. Para mim, torna a leitura cansativa e problemática. Não chega a ser ruim, mas esse formato (que eu entendo, muita coisa para mostrar e poucas páginas para explorar) torna esse título mais fraco que os anteriores. E não é uma piada com o título Força, acredite.
            Como destaque, a belíssima história que abre o volume, Mulher-Maravilha 0, mostrando os dias de Diana, ainda menina, na Ilha Paraíso, sendo treinada por Ares para ser uma guerreira assassina implacável, mas demonstrando amor e piedade no final – para quem diz que a Mulher-Maravilha escrita pelo Azzarello é uma assassina impiedosa, ela vence desafios pelo amor mais de uma vez neste volume, só apelando para violência quando necessário. Soma-se a isso a inclusão de novos e bizarros personagens, como parece típico dessa fase, e o volume está feito.
            Quanto à arte, cabem os mesmos comentários dos volumes anteriores, então nem me estenderei muito aqui: o traço de Chiang é muito bonito, enquanto o traço de Atkins é inconstante e feio. Em vez de me prolongar, falarei logo sobre o acabamento da Panini: com uma página de extras no final (esboços de Órion), este volume segue o padrão dos demais, com uma pequeníssima diferença no logo da DC Comics, que mudou nesse meio tempo. A mim não importa muito, mas os colecionadores de lombada podem se incomodar. No mais, o trabalho gráfico da Panini está de parabéns, como sempre. Ao fim dos seis volumes, esta pequena coleção se consagrará como uma das mais bonitas da Panini, pode ter certeza.
            Para finalizar, fica aqui minha indicação para que todos leiam este material, sejam fãs ou não da Mulher-Maravilha. Uma história enraizada na mitologia, com inserção de novos personagens, uma bem-vinda mistura com o Quarto Mundo (Kirby fez escola com seus novos deuses, mesmo), um texto afiado e desenhos muito bonitos, em sua maioria, pelo menos. Os fãs de qualquer um dos elementos citados acima podem ler sem medo. E, de quebra, ver a Mulher-Maravilha em todo seu esplendor como há muito não tínhamos.


Editora: Panini
Ano de Lançamento: 2017
Páginas: 164

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