de Isaac Asimov
Sinopse:
Andrew Harlan é um Eterno: membro de uma
organização que monitora e controla o Tempo. Um Técnico que lida diariamente
com o destino de bilhões de pessoas no mundo inteiro: sua função é iniciar
Mudanças de Realidade, ou seja, alterar o curso da História. Condicionado por
um treinamento rigoroso e por uma rígida autodisciplina, Harlan aprendeu a
deixar as emoções de lado na hora de fazer seu trabalho. Tudo vai bem até o dia
em que ele conhece a atraente Noÿs Lambent, uma mulher que abala suas
estruturas e faz com que passe a rever seus conceitos, em nome de algo tão
antigo quanto o próprio tempo: o amor. Agora ele terá de arriscar tudo - não
apenas seu emprego, mas sua vida, a de Noÿs e até mesmo o curso da História.
Isaac Asimov é um mestre da
ficção-científica, e certamente o meu autor favorito deste gênero. Dele surgem
as melhores ideias, e ele consegue mesclar o que há de mais brega neste tão
subestimado gênero com as costumeiras reflexões filosóficas sobre a humanidade,
de onde saímos, para onde iremos e o papel da tecnologia nesse processo. E em O Fim da Eternidade, meu romance
favorito de Asimov, todas as melhores características do autor se reúnem para
gerar um conto incrível de amor que atravessa as barreiras do tempo.
Literalmente.
Neste
conto, somos apresentados a Andrew Harlan, um Eterno: membro de um grupo cujo
objetivo é alterar a História para preservar a humanidade conforme o próprio
grupo considera melhor ou mais eficaz. A humanidade nada sabe sobre a
existência da Eternidade, que altera a realidade conforme melhor lhe convém.
Harlan é um dos melhores Eternos até que se apaixona por Noÿs e coloca tudo em
risco. É do ponto de vista de Harlan que a história se desenrola, inclusive.
Vou
começar dizendo que acho um desperdício o Bom Doutor ter feito apenas um livro
com estes personagens. Se a Trilogia
Fundação já foi considerada a melhor série de fantasia de todos os tempos
em 1966, uma possível Trilogia Eterna poderia
superá-la. Poderia partir de um ponto curioso: o início da Eternidade; passamos
então para o momento em que Harlan chega à Eternidade e se torna um Técnico;
culminando no fim, este livro que agora resenho. O potencial é gigantesco.
Este
potencial não se demonstra apenas pelas qualidades do livro, uma obra
extremamente bem escrita e com um desenrolar magnífico, mas também com sua
união com a Trilogia Fundação, fazendo
com que ambas as histórias se passem no mesmo mundo (e na mesma linha temporal,
neste caso). Asimov poderia ter feito a primeira e a segunda maiores trilogias de fantasia de todos os tempos,
simples assim. Além disso, sou obrigado a admitir que, ao término de O Fim da Eternidade, fiquei com vontade
de ler mais sobre as personagens – diferente de Fundação, por exemplo, que teve prequels
e continuações.
Esta
obra, porém, não é perfeita, e o maior problema é justamente o McGuffin que
conduz todo o fio narrativo: o amor entre Harlan e Noÿs. Asimov não é um autor
dado a romances em seus livros, e decidiu fazer isso aqui. O romance,
infelizmente, parece apressado e artificial. A ideia é certamente promissora,
mas se o autor tivesse apenas usado um pouco mais de páginas para desenvolver o
romance, em vez de simplesmente forçar as personagens a se apaixonarem, teria
soado bem melhor.
Nada
que estrague totalmente a obra, evidentemente. Asimov sabe usar bem a tecnologia
e as implicações na vida humana, decisões impossíveis e o uso do raciocínio
acima da violência. Este livro não perde tais elementos: a tecnologia futurista
é usada para controlar o destino da humanidade, e quando as coisas saem do
controle, a violência explícita de Harlan não pode resolver nada, ainda que a ameaça
esteja lá, bem velada. Ouso dizer, inclusive, que Harlan foi um dos mais (se
não o mais) violentos protagonistas de Asimov. Violento nos termos do Bom
Doutor, claro.
A
edição da Aleph é simples, porém de forma alguma simplista. Gosto, inclusive,
de como este livro se foca mais no material contido em suas páginas do que em beleza
física. Algumas edições lançadas no mercado brasileiro nos últimos tempos são
ricas em beleza, mas pobres em conteúdo. Ainda assim, a capa é muito bonita,
com as linhas temporais se cruzando na imensidão do espaço. É uma capa que
gosto muito em um livro que adoro. Além disso, a tradução e a revisão estão
impecáveis. Vale mesmo a pena conferir esta magnífica obra.
Editora: Aleph
Ano de Lançamento: 2007
Páginas: 255
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