sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O Fim da Eternidade


de Isaac Asimov

            Sinopse: Andrew Harlan é um Eterno: membro de uma organização que monitora e controla o Tempo. Um Técnico que lida diariamente com o destino de bilhões de pessoas no mundo inteiro: sua função é iniciar Mudanças de Realidade, ou seja, alterar o curso da História. Condicionado por um treinamento rigoroso e por uma rígida autodisciplina, Harlan aprendeu a deixar as emoções de lado na hora de fazer seu trabalho. Tudo vai bem até o dia em que ele conhece a atraente Noÿs Lambent, uma mulher que abala suas estruturas e faz com que passe a rever seus conceitos, em nome de algo tão antigo quanto o próprio tempo: o amor. Agora ele terá de arriscar tudo - não apenas seu emprego, mas sua vida, a de Noÿs e até mesmo o curso da História.

            Isaac Asimov é um mestre da ficção-científica, e certamente o meu autor favorito deste gênero. Dele surgem as melhores ideias, e ele consegue mesclar o que há de mais brega neste tão subestimado gênero com as costumeiras reflexões filosóficas sobre a humanidade, de onde saímos, para onde iremos e o papel da tecnologia nesse processo. E em O Fim da Eternidade, meu romance favorito de Asimov, todas as melhores características do autor se reúnem para gerar um conto incrível de amor que atravessa as barreiras do tempo. Literalmente.
            Neste conto, somos apresentados a Andrew Harlan, um Eterno: membro de um grupo cujo objetivo é alterar a História para preservar a humanidade conforme o próprio grupo considera melhor ou mais eficaz. A humanidade nada sabe sobre a existência da Eternidade, que altera a realidade conforme melhor lhe convém. Harlan é um dos melhores Eternos até que se apaixona por Noÿs e coloca tudo em risco. É do ponto de vista de Harlan que a história se desenrola, inclusive.
            Vou começar dizendo que acho um desperdício o Bom Doutor ter feito apenas um livro com estes personagens. Se a Trilogia Fundação já foi considerada a melhor série de fantasia de todos os tempos em 1966, uma possível Trilogia Eterna poderia superá-la. Poderia partir de um ponto curioso: o início da Eternidade; passamos então para o momento em que Harlan chega à Eternidade e se torna um Técnico; culminando no fim, este livro que agora resenho. O potencial é gigantesco.
            Este potencial não se demonstra apenas pelas qualidades do livro, uma obra extremamente bem escrita e com um desenrolar magnífico, mas também com sua união com a Trilogia Fundação, fazendo com que ambas as histórias se passem no mesmo mundo (e na mesma linha temporal, neste caso). Asimov poderia ter feito a primeira e a segunda maiores trilogias de fantasia de todos os tempos, simples assim. Além disso, sou obrigado a admitir que, ao término de O Fim da Eternidade, fiquei com vontade de ler mais sobre as personagens – diferente de Fundação, por exemplo, que teve prequels e continuações.
            Esta obra, porém, não é perfeita, e o maior problema é justamente o McGuffin que conduz todo o fio narrativo: o amor entre Harlan e Noÿs. Asimov não é um autor dado a romances em seus livros, e decidiu fazer isso aqui. O romance, infelizmente, parece apressado e artificial. A ideia é certamente promissora, mas se o autor tivesse apenas usado um pouco mais de páginas para desenvolver o romance, em vez de simplesmente forçar as personagens a se apaixonarem, teria soado bem melhor.
            Nada que estrague totalmente a obra, evidentemente. Asimov sabe usar bem a tecnologia e as implicações na vida humana, decisões impossíveis e o uso do raciocínio acima da violência. Este livro não perde tais elementos: a tecnologia futurista é usada para controlar o destino da humanidade, e quando as coisas saem do controle, a violência explícita de Harlan não pode resolver nada, ainda que a ameaça esteja lá, bem velada. Ouso dizer, inclusive, que Harlan foi um dos mais (se não o mais) violentos protagonistas de Asimov. Violento nos termos do Bom Doutor, claro.
            A edição da Aleph é simples, porém de forma alguma simplista. Gosto, inclusive, de como este livro se foca mais no material contido em suas páginas do que em beleza física. Algumas edições lançadas no mercado brasileiro nos últimos tempos são ricas em beleza, mas pobres em conteúdo. Ainda assim, a capa é muito bonita, com as linhas temporais se cruzando na imensidão do espaço. É uma capa que gosto muito em um livro que adoro. Além disso, a tradução e a revisão estão impecáveis. Vale mesmo a pena conferir esta magnífica obra.


Editora: Aleph
Ano de Lançamento: 2007
Páginas: 255

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