quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Os Senhores dos Dinossauros



de Victor Milán

            Sinopse: Em Os Senhores dos Dinossauros, Victor Milán consegue materializar um sonho que milhares de leitores compartilham secretamente desde a infância: cavalgar os gigantes répteis pré-históricos, como o terrível Tiranossauro Rex. O romance se passa no Império da Nuevaropa, um continente claramente inspirado na Europa do século XIV. Cultura e costumes, armamentos, conflitos políticos, religião e tecnologia são compatíveis com o último período da Idade Média. Mas neste mundo, construído pelos Oito Criadores, os dinossauros também fazem parte do arsenal de guerra.

            Algumas obras te apresentam ideias tão absurdas, improváveis ou fantásticas, que você sente que precisa ler o livro mesmo sem conhecer nada sobre ele ou ler qualquer opinião. Admito que com Os Senhores dos Dinossauros este foi exatamente o caso. Assim que soube que era um livro que misturava fantasia medieval com dinossauros,, tive vontade de lê-lo... por ser uma ideia tão brega.
            Os Senhores dos Dinossauros é mais um dos belíssimos livros da Darkside Books, com um acabamento perfeito, provavelmente o mais bonito da editora. A capa (dura, aliás) é simplesmente magnífica, com uma bela ilustração de um cavaleiro montando um dinossauro; o material interno também não deixa a desejar, com papel de extrema qualidade, marcador de página próprio, ilustrações de algumas das criaturas apresentadas no decorrer da história, páginas pretas e poucos erros de revisão. Infelizmente, nem mesmo essa primorosa edição consegue salvar a obra de Milán.
            Não direi aqui que o livro é ruim em si, tampouco que ele é bom. Porém, a obra certamente possui três grandes problemas. O primeiro deles é o desenvolvimento, seja de trama, seja de personagens. Por muitas vezes a história é confusa, sem situar o leitor sobre o que está acontecendo, e as personagens não parecem fazer nada coerente. Além disso, Milán parece querer chocar (principalmente com a sexualidade de  algumas personagens), mas no fim tudo soa raso e chato.
            Dessa forma, você não consegue se interessar pelos dilemas e dores das personagens, não importa o quanto elas sofram. O livro é cheio de argumentos prontos e situações clichês que o tornam chato e previsível. Isto é, quando você entende o que está ocorrendo. Lembro-me de uma batalha entre dois exércitos que simplesmente... começa. Em um momento, as personagens estão explorando ruínas; noutro, lutando em uma guerra. Um salto estranho na condução da história que apenas faz jogar contra personagens já tão mal construídas.
            O segundo problema é termos um livro de quase quinhentas páginas que parece apenas um prólogo para o verdadeiro livro. Foi essa a sensação que tive ao acabar de ler a obra, e isso me incomodou profundamente. São quatrocentas e oitenta páginas, mas parece que absolutamente nada ocorreu entre o começo da história e o final, soando como se fosse apenas a preparação do terreno para o que está por vir. Não que seja ruim deixar ganchos para possíveis continuações, de forma alguma, mas um livro tem que começar e terminar em si mesmo. E não sinto que isso ocorra aqui.
            Por fim, o último problema são os próprios dinossauros. Obviamente, não poderia deixar de falar deles aqui. Quando vi que o livro misturava fantasia medieval com dinossauros, imaginei que tais criaturas seriam importantes para a trama, mas não é o caso aqui. Troque dinossauros por avestruzes (ou qualquer outro animal) e o resultado será o mesmo. Isso é tão frustrante. Os dinossauros deveriam ser o diferencial do livro, porém eles estão apenas lá. São animais de estimação supercrescidos.
            Apesar de tantos pontos negativos, pelo menos o final é cheio de promessas: as personagens finalmente estão onde deveriam estar, ou pelo menos se deslocando para lá, novos e terríveis inimigos surgem e prometem jogar a história para uma direção totalmente diferente a partir de agora. Não sei o que o autor planejou para o futuro de seu mundo (muito bem construído, por sinal), mas ainda tenho esperança. As ideias são boas, achei apenas a execução desta primeira obra ruim. O autor ainda tem mais dois livros para fechar sua trilogia e uma segunda trilogia em Nuevaropa programados. Acho que podemos dar uma segunda chance a Victor Milán, Princesa Melodía e companhia.


 Editora: Darkside Books
Ano de Lançamento: 2015
Páginas 480

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