segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Jogador Nº 1



de Ernest Cline

            Sinopse: Cinco estranhos e uma coisa em comum: a caça ao tesouro. Achar as pistas nesta guerra definirá o destino da humanidade. Em um futuro não muito distante, as pessoas abriram mão da vida real para viver em uma plataforma chamada Oasis. Neste mundo distópico, pistas são deixadas pelo criador do programa e quem achá-las herdará toda a sua fortuna. Como a maior parte da humanidade, o jovem Wade Watts escapa de sua miséria em Oasis. Mas ter achado a primeira pista para o tesouro deixou sua vida bastante complicada. De repente, parece que o mundo inteiro acompanha seus passos, e outros competidores se juntam à caçada. Só ele sabe onde encontrar as outras pistas: filmes, séries e músicas de uma época que o mundo era um bom lugar para viver. Para Wade, o que resta é vencer – pois esta é a única chance de sobrevivência.

            Jogador Nº 1 é um daqueles livros que parecem ter saído diretamente dos anos 1980 e feitos para serem dirigidos por Steven Spielberg – justamente o diretor responsável por transpor esta obra para as telas do cinema em breve. E um livro divertidíssimo, cheio de referências à cultura pop, pronto para lhe fisgar do começo ao fim. Prepare-se antes de ler este livro, porque uma vez que a leitura se inicie, não vai conseguir parar até terminar. E após terminar, vai querer ler ainda mais.
            A obra de Ernest Cline é simples e complexa ao mesmo tempo: sua história é simples, bem linear. As personagens saem de um ponto e vão para outro em uma jornada heróica dentro do OASIS. Basicamente, é isso. Porém, é complexo nas inúmeras referências. Algumas são simples, como o Mundo do Clube da Luta, mas quando ele cita o jogo Black Tiger, por exemplo, fica um pouco mais difícil de acompanhar. Entenda: Cline ama os anos 1980, e deixa isso bem claro ao longo do livro – fortemente baseado nessa década.
            O bom de tantas referências é que elas estão muito bem inseridas na trama. Para achar o tesouro, Wade Watts, protagonista da história, assim como tantas outras personagens, precisa desvendar pistas e resolver enigmas que envolvem a cultura pop dos meados de 80 e tantos. E quando digo referências, quero dizer uma mistura de rock n’ roll com robôs gigantes, Pacman e Matrix. Num primeiro momento pode parecer uma grande salada de frutas malfeita, mas não se preocupe: tudo no livro é harmonioso e bem feito.
            A ação, acompanhada em primeira pessoa através dos olhos de Wade (ou Parzival, seu nome virtual) se passa dentro do gigantesco simulador de realidade virtual conhecido como OASIS, que atualmente já domina o mundo. As pessoas sequer desejam sair de casa, ter convívio social ou encontrar parceiros para a vida, uma vez que absolutamente tudo é feito no OASIS. Essa realidade virtual (cuja ideia confesso me parecer um tanto perturbadora) é o maior atrativo do jogo, com seus inúmeros mundos baseados em livros, filmes e games que você certamente deve reconhecer.
            Um ponto negativo, em minha opinião, é o protagonista, Wade. Enquanto a trama anda em um ritmo bom, sem parecer que a caçada ao tesouro está indo rápida ou devagar demais, mas da forma apropriada, Wade desponta na história não como um herói destemido com o qual criamos empatia, mas como um menino chato, arrogante e antissocial, que mascara tudo isso com centenas de referências e relacionamentos com outras personagens que deveriam ser impactantes, mas acabam soando forçadas e desinteressantes. Pelo menos as personagens secundárias são bem mais legais, e acaba caindo em seus ombros a responsabilidade de tornar Wade um pouquinho melhor.
            Não que Wade consiga estragar o livro. De maneira alguma! Ainda é uma excelente trama, e na maior parte do tempo até conseguimos passar por cima dos maneirismos bizarros do rapaz. Os momentos em que ele se preocupa de contar sobre seu dia a dia são quase insuportáveis. Servem apenas para mostrar a situação caótica e perturbadora em que o mundo se encontra, mais nada.
            O livro foi lançado em terras tupiniquins pela Editora LeYa, casa da famigerada série As Crônicas de Gelo e Fogo, em uma edição muito bacana: tanto a capa quanto as páginas internas são grossas e resistentes, passando a impressão de ser um livro ainda mais robusto; a capa é bem bonita; possui algumas páginas pretas e a tradução e a edição não possuem muitos problemas – como a própria LeYa já teve no passado, diga-se de passagem. Um daqueles livros para você comprar, ler e ostentar em sua estante depois, com certeza.

 Editora: LeYa
Ano de Lançamento: 2012
Páginas: 464

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