domingo, 11 de setembro de 2016

Mulher-Maravilha: Sangue


de Brian Azzarello, Cliff Chiang e Tony Akins

Sinopse: Antes de ser uma heroína, a Mulher-Maravilha sempre foi uma nobre guerreira. E, antes de ser uma guerreira, sempre foi uma deusa. Mas nem mesmo ela, um dos indivíduos mais poderosos e sábios da Terra, faz ideia de qual é sua verdadeira história. E o que essa revelação acarretará na vida da Princesa Amazona pode dar um fim prematuro à carreira da defensora da justiça e à humanidade inteira!
O roteirista Brian Azzarello e os artistas Cliff Chiang e Tony Akins assumem as aventuras de uma das heroínas mais conhecidas do mundo, arquitetando uma fase apontada como uma das melhores que a Mulher-Maravilha já teve em toda a sua história!

            Quando a DC Comics propôs um reboot de seu universo fictício (chamado de Novos 52), muitos grandes artistas foram chamados para reinventar essas personagens, mostrar ao público uma nova faceta de heróis e heroínas já tão conhecidos. A ideia não poderia ser mais objetiva: criar novas histórias, agora livres e amarras cronológicas. A Brian Azzarello (conhecido por títulos como Lex Luthor: O Homem de Aço e Coringa, ambos ao lado do talentoso Lee Bermejo) coube a tarefa de apresentar uma nova Mulher-Maravilha ao público.
            Em parceria com Cliff Chiang e Tony Akins, a nova Mulher-Maravilha não veio do barro, mas sim nasceu de uma relação carnal entre Zeus, o líder do Olimpo e deus dos deuses gregos, e Hipólita, a rainha humana (ainda que imortal) das amazonas. A origem do barro ainda está lá, de certa forma: Hipólita inventa essa história para proteger sua filha recém-nascida das garras furiosas de Hera, bem conhecida na mitologia por atacar os filhos de Zeus (tal qual fez com Hércules, por exemplo). Então esqueça tudo o que sabe sobre Diana Prince, a princesa amazona, pois esta nova faceta da heroína promete ser muito surpreendente para novos e antigos leitores.
            O ponto alto das histórias criadas por Azzarello foi a inserção da mitologia. Diana sempre esteve às voltas com os deuses gregos, até mesmo combatendo-os fisicamente, mas nestas histórias isso vai ainda mais além: Zeus sumiu e uma disputa pelo trono do Olimpo começa, enquanto Diana quer apenas proteger uma mulher grávida dos perigos do mundo divino. Os deuses ganharam novas e interessantes roupagens, mais modernizadas, permeiam toda a trama e dificultam a vida da Mulher-Maravilha. Também somos apresentados a monstros e rituais gregos antigos, que enriquecem a trama e a tornam mais verossímil dentro das regras criadas nas próprias páginas dos quadrinhos.
            Há, ainda, um jogo político ocorrendo em paralelo com os desafios de Diana, e nisto vamos conhecendo um pouco melhor os deuses. Dou destaque para Poseidon, o deus dos mares, aqui transformado em uma figura monstruosa e curiosa, uma reinterpretação diferente de tudo o que já vimos para a personagem – mas não se engane, absolutamente todos os deuses estão diferentes de suas contrapartes em qualquer outra história, incluindo a própria mitologia. Apenas Hera, figura importante na história, é facilmente reconhecida por ter mantido suas feições originais.
            E em meio a tantas maquinações, está a personagem título, Mulher-Maravilha. Aqui, uma guerreira feroz e implacável, o texto de Azzarello não esquece algumas das maiores qualidades da personagem: seu amor e sua bondade, seu desejo de fazer justiça e se tornar uma ponte para a paz. Neste volume, Diana quer proteger uma mulher grávida que está sendo caçada pelo Olimpo, e coloca tudo o que preza, até mesmo seu lugar entre suas irmãs amazonas, por esta mulher que mal conhece, simplesmente porque é o certo a se fazer. Esta é uma Mulher-Maravilha que os fãs aguardaram tanto para reencontrar, e não me admira a crítica e o público terem dado tantas notas positivas para esta obra.
            Quanto ao traço do Cliff Chiang e Tony Akins, Chiang é quem desenha a maior parte da obra, e seu traço incomum pode causar certo desconforto para novos leitores, mas o achei muito bonito. Fugindo do traço mainstream habitual, aqui somos apresentados a uma Mulher-Maravilha forte, mas sem perder sua feminilidade, de traços mais gregos e curvas mais próximas de um modelo real (e não as formas exageradas com as quais os quadrinhos foram presenteados nos anos 1990). Já Akins desenha as duas edições finais do volume, substituindo Chiang temporariamente, e seu traço não me agradou muito por ser inconstante e cartunesco – para ser justo, os monstros desenhados por Akins são excelentes! As belíssimas capas das edições originais, pelo menos, são todas de autoria de Cliff Chiang.
            Mulher-Maravilha: Sangue é, para mim, o melhor título dos Novos 52, e recomendo fortemente que todos os fãs de quadrinhos o leiam. Não era leitor habitual da personagem antes da passagem de Azzarello pelo título da amazona, mas agora é certo que continuarei acompanhando. Para os fãs de mitologia, resta ainda a graça de esmiuçar a trama e comparar com a mitologia real enquanto aproveitam uma boa história em quadrinhos.

Editora: Panini
 Ano de lançamento: 2016
Páginas: 164

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