domingo, 18 de setembro de 2016

Perdido em Marte


de Andy Weir

            Sinopse: Há seis dias, o astronauta Mark Watney se tornou a décima sétima pessoa a pisar em Marte. E, provavelmente, será a primeira a morrer no planeta vermelho. Depois de uma forte tempestade de areia, a missão Ares 3 é abortada e a tripulação vai embora, certa de que Mark morreu em um terrível acidente. Ao despertar, ele se vê completamente sozinho, ferido e sem ter como avisar às pessoas na Terra que está vivo. E, mesmo que conseguisse se comunicar, seus mantimentos terminariam anos antes da chegada de um possível resgate. Ainda assim, Mark não está disposto a desistir. Munido de nada além de curiosidade e de suas habilidades de engenheiro e botânico e um senso de humor inabalável , ele embarca numa luta obstinada pela sobrevivência. Com um forte embasamento científico real e moderno, Perdido em Marte é um suspense memorável e divertido, impulsionado por uma trama que não para de surpreender o leitor.

            Ficção científica é um gênero interessante. Normalmente, ao pensar em ficção científica, logo nos vem à mente alienígenas e robôs. Mas eis que surge, então, uma história diferente de todas as outras, pautada o máximo possível na realidade e tratando das dificuldades de um homem perdido em Marte, enquanto outros na Terra tentam salvá-lo. Esse é o enredo simples, ainda que arrebatador, de Perdido em marte.
            A história é contada em duas frentes: temos Mark Watney em Marte, nos contando o que acontece em primeira pessoa, através de relatos gravados para as futuras gerações, caso morra e algum dia a NASA encontre seu corpo e seu diário de bordo; do outro lado da moeda, acompanhamos, em terceira pessoa, os esforços da equipe terrena para trazer Mark para casa, ainda que pareça impossível, e a comoção a nível mundial que surge a favor do astronauta deixado para trás.
            Apesar de a sinopse da editora afirmar tratar-se de um suspense, não se deixe enganar: o livro é engraçadíssimo. Mark tem uma única ferramenta para não descer a espiral da loucura: seu humor. E ele o usa constantemente. Claro que os acontecimentos na Terra e, posteriormente, na nave Hermes, a tal espaçonave que sem querer abandonou Mark no Planeta Vermelho, são muito mais sérios – acho que podemos considerar estas partes mais puxadas para o suspense, mas não suspense em si –, porém é indiscutível que o livro, como num todo, bem como o filme que o adapta, são muito engraçados.
            Mark Watney é um excelente protagonista. Você começa rindo com ele, mas é inegável que, com o passar do tempo, você começa a se afeiçoar pelo personagem, a torcer por ele, torcer para seu resgate e, em determinado ponto do livro, até se emocionar e se pegar temeroso pelo destino do protagonista. É uma das melhores personagens literárias que li nos últimos anos, e tenho orgulho de dizer que veio de um livro de ficção científica, meu gênero literário favorito. E ouso dizer que grande parte do mérito do livro repousa nos ombros de Mark.
            Outra característica interessante da obra, e que lhe confere maior realismo, é ver como a situação se desenrola na Terra: temos a cobertura da mídia, que muitas vezes pressiona a NASA a agir; temos as pressões políticas: os E.U.A. não conseguem resolver o problema e sua única solução é pedir ajuda estrangeira (não direi qual país ou como foi essa ajuda, para não estragar as surpresas de uma grande parte da trama); além da tripulação da Hermes, tendo que lidar com suas decisões que acabaram por deixar Mark para trás. Se o livro não tivesse essa faceta mais séria, nos mostrando as consequências de uma situação tão perturbadora (e que poderia muito bem acontecer na vida real), certamente não teria o mesmo impacto.
            Ainda me mantendo neste aspecto da obra, foi bom ver que o autor construiu a narrativa de uma forma que enfatiza como nada na vida é fácil, pois salvar um homem perdido em outro planeta certamente seria muito complicado para nossos padrões reais atuais. Então esqueça as conveniências de roteiro típicas, pois na obra de Weir as personagens precisam estudar, passar horas a fio acordadas, fazer muitos cálculos, errar e tentar de novo até acertar. E isso também se aplica a nosso intrépido herói.
            Outra peculiaridade da obra são suas reviravoltas sempre curiosas e impactantes. Sem entrar em detalhes, basta dizer que o livro gera expectativas em cada situação, te deixando apreensivo e culminando em uma reviravolta. Mesmo quando Mark tem uma ideia e a executa à perfeição, aquela situação gerará outra, o próximo conflito que o marciano terá que resolver em algum momento de sua jornada – imediatamente depois ou no futuro em longo prazo. É um livro que parece dizer que gosta de surpreender seus leitores, e o faz de uma maneira bastante positiva.
            A edição da Editora Arqueiro está impecável: possuo a segunda impressão, com capa do filme (admito que não gosto muito de capas assim) e praticamente não possui erros de tradução ou revisão; possui um papel de qualidade e a capa é feita de um material mais maleável o que a impediu de amassar ou deformar – a minha edição, pelo menos, continua perfeita. Mantém o excelente padrão da editora. É um tipo de livro que você não se arrependerá de comprar e ler, tornou-se um de meus favoritos, acredite.

PS: Ainda quero destacar minha felicidade por ter ganhado minha cópia do livro em um sorteio da editora promovido no Facebook. Obrigado, Arqueiro!



Editora: Arqueiro
Ano de Lançamento: 2015
Páginas: 336 

2 comentários:

  1. Tenho fobia de espaço, mas tenho de admitir que essa resenha tá show. Parabéns!

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    1. Obrigado! E leia o livro um dia desses, vai que te ajuda com sua fobia ;)

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