quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Os Homens que Não Amavam as Mulheres



de Stieg Larsson

            Sinopse: Os homens que não amavam as mulheres é um enigma a portas fechadas - passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Quase quarenta anos depois, Henrik Vanger contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados - de preferência, os mais sórdidos -, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet.

            Existem alguns livros cuja leitura parece praticamente obrigatória. A famosíssima Trilogia Millennium, iniciada neste livro, certamente faz parte desse seleto grupo. Tratando de temas fortes, contando com uma investigação que beira a loucura e o sadismo e personagens carismáticas e cativantes, Os Homens que Não Amavam as Mulheres vai te pegar do começo ao fim com absoluta certeza.
            Creio que esta obra seja a mais conhecida da literatura policial sueca. A Trilogia Millennium nos apresenta a dois protagonistas: Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander. Ele é um repórter mulherengo que já se meteu em problemas demais; ela, um hacker muito inteligente e antissocial com memória fotográfica. Parece uma dupla altamente improvável – e é mesmo –, porém essa dualidade é que dá o tom à trilogia. Este livro em especial se foca mais em Mikael do que Lisbeth (essa dinâmica se inverte no segundo romance da trilogia), uma vez que ele é contratado pelo já muito idoso Henrik Vanger para descobrir o que aconteceu com sua sobrinha favorita quase quarenta anos atrás. Lisbeth começa nas sombras, sofrendo nas mãos de seu novo tutor e, eventualmente, unindo-se ao caso e ajudando Mikael na investigação com seus dotes com informática. Analisando a obra, creio que este livro não poderia mesmo ser de outra forma neste quesito.
            A obra tem pouco mais de quinhentas páginas, mas você não sente isso durante a leitura, muito natural e fluida. A escrita de Larsson, famoso jornalista sueco já falecido, é dinâmica e envolvente. Um tipo de livro que agrada mão apenas aos fãs do gênero, mas também aqueles que não estão acostumados com romances policiais ou não gostam desse estilo em particular. Isso se dá, sem sombra de dúvidas, pelas habilidades do autor: a capacidade de fazer situações atípicas parecerem triviais (isso não lhe causa estranhamento durante a leitura); sua escrita simples e poderosa; e, principalmente, suas personagens.
            Hei de me deter um pouco neste tópico, pois creio ser o detalhe que mais chama atenção na trilogia inteira: as personagens de Larsson são muito bem construídas. Mesmo personagens que pareçam deslocadas, que não pareçam existir no mundo real, são bem trabalhadas. Todas possuem personalidade bem definida, maneirismos, qualidades e defeitos únicos. Elas são únicas. Larsson se garantiu disso. Mesmo com uma história incrível, este livro não se manteria sem suas personagens.
            A única coisa que me incomodou foi a Suécia, ela própria uma personagem importante para a trama de uma forma ligeiramente indireta. Ao longo do livro nos são apresentados dados sobre a violência cotidiana contra a mulher na Suécia, mas o cenário não me passou a sensação de perigo e violência que se espera de uma trama desse porte. Fiquei com a impressão de que se a história se passasse em outro tipo de cenário (o Rio de Janeiro me parece ideal, ainda que não seja o único local que figuraria nessa lista facilmente) seria ainda mais poderosa. Não é um demérito, apenas um comentário. Reforçando este aspecto, Os Homens que Não Amavam as Mulheres tem a capacidade natural de poder se passar em qualquer lugar, pois violência é violência, independente da língua falada. E esse é um grande ponto a favor do livro. Leia a obra e tente imaginá-la em outros países e veja se não estou certo.
            A edição da Companhia das Letras está perfeita! Comprei a box com os três livros e não me arrependi, pelo contrário. A capa é a mais bonita entre as edições brasileiras, toda preta com a tatuagem de dragão de Lisbeth em vermelho. O acabamento todo está muito bom, não apenas da capa, mas também das páginas internas, e a tradução e revisão estão impecáveis. Uma edição para qualquer um que se diga fã de boa leitura, certamente.
             Então retomo meu pensamento inicial: se existem livros cuja leitura é obrigatória, Os Homens que Não Amavam as Mulheres certamente está no topo da lista ao lado de mais alguns Best-sellers consagrados. Sou fã de literatura policial, e afirmo sem dúvida nenhuma que a Trilogia Millenium é uma das melhores (se não a melhor) no cenário literário. Aquele tipo de obra que entrará para a história e será estudada por muitos e muitos anos.


Editora: Companhia das Letras
Ano de Lançamento: 2015
Páginas: 528

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